terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Fazer o bem também é um bom negócio

Ainda não são todas as empresas, mas várias delas já se conscientizaram que, na era da sustentabilidade – conceito que envolve aspectos econômicos, sociais e ambientais –, devem explicações também para a sociedade. Muitas organizações têm optado por unir interesses comerciais e sociais por meio da capacitação profissional, afinal pessoas bem preparadas tendem a se tornar funcionários mais eficientes. É essa a essência de institutos e fundações criadas por grandes organizações. A reportagem procurou três delas, exemplos de que fazer o bem é um bom negócio.

Olho no futuro

O Instituto Nextel foi criado em 2006 por iniciativa dos próprios colaboradores, que procuraram a diretora da empresa com a ideia de criar uma frente de trabalho na área social. A causa foi abraçada pela organização, que optou por focar em programas de aprendizagem e profissionalização de jovens entre 16 e 24 anos em situação de risco social. Eles são encaminhados ao Instituto Nextel pelas escolas públicas e associações no entorno de cada uma das quatro unidades. O trabalho se divide em diferentes programas: o Conexão Direta (que capacita em atendimento em informática); o Conexão Digital (sobre mídias interativas); e o Inclusão de Talentos (voltado para pessoas com deficiência). Em todos eles, o foco é oferecer cursos que permitam aos beneficiados se capacitarem para as demandas, presentes e futuras, do mercado de trabalho. “O Conexão Digital, por exemplo, é uma parceira com a Agência Click com o objetivo de ampliar o olhar para as possibilidades de mercado”, explica a coordenadora do Instituto, Ednalva Aparecida de Moura dos Santos. A ideia é formar web designers capacitados também para trabalharem de forma autônoma. “Que são os profissionais procurados pelas agências de publicidade”, diz Ednalva, para quem a ação é uma extensão da própria filosofia da empresa de “sempre investir em talentos.”

Inclusão pela beleza

Objetivo semelhante tem o projeto Preciosas, criado em outubro de 2010 pela rede de salões de beleza Jacques Janine para formar profissionais em cuticulagem e pintura de unhas – mas engana-se quem pensa em simples manicures. “Por meio do projeto são incluídas outras disciplinas, como alongamento de unha, biossegurança (para que a profissional entenda e previna todas as formas de contaminação do seu material de trabalho) e técnicas spazianas (cuidados com mãos e pés como um todo, não apenas com a unha)”, explica Flávia Lopes, coordenadora do projeto. O parceiro na empreitada é o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que oferece a docência e os certificados. A rede de salões entra com o espaço para as aulas, a disciplinas extras na grade curricular e a recolocação no mercado. “A empresa foi atrás de parceiros que tivessem know how na área – cujo curso fosse reconhecido pelo Ministério da Educação etc”, explica Flávia. A intenção, segue a coordenadora, era atender a demanda por profissionais qualificados, uma falta sentida tanto pela rede Jacques Janine quanto pelo mercado em geral. Nos cursos, as alunas recebem ainda noções de empreendedorismo para que possam criar seus próprios espaços de trabalho – embora a maioria não desperdice a chance de uma temporada na grande rede de salões antes de tentar vôos solos. “A maioria delas, cerca de 80%, fica conosco para entender o conceito, conhecer um grande salão, saber como funciona a parte administrativa, o que acaba sendo uma experiência para elas”.

Tempo de refletir

Nas ações da Fundação Telefônica no campo de preparação para o mercado de trabalho, o conteúdo não é técnico, mas nem por isso menos importante. Os programas abordam questões na área comportamental, discutem a relação do mercado com os ofícios do século 21 e refletem sobre as novas tecnologias. São várias iniciativas, entre as quais a Garoto Vivo, em parceria com o Instituto Via de Acesso, que atua na relação entre empresas e escolas. A ação consiste no desenvolvimento de cursos nos quais são trabalhadas questões como comportamento, projeto de vida, postura e comunicação, e ainda os conceitos de competência, trabalho em equipe e ética. “Valores que a gente identifica hoje como pontos críticos para a inserção do jovem no mercado de trabalho”, observa a gerente de educação, cultura e juventude da Fundação Telefônica, Mílada Gonçalves. Em 2011, os trabalhos foram realizados nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Viamão, no Rio Grande do Sul, beneficiando 100 jovens entre 14 e 18 anos, geralmente vindos da periferia. Outra iniciativa é o Ciclo de Novas Profissões – que, em 2011, foi realizado em sete cidades brasileiras, reunindo jovens e especialistas para debater o conceito de trabalho, refletir sobre quais profissões seguir e sobre como conciliar trabalho e vida pessoal, além de abordar o papel das novas tecnologias no mundo das profissões. “Essa ação também foca o público jovem”, explica a coordenadora. “Porém, dá um passo adiante com relação ao Garoto Vivo. Dessa forma, uma estratégia complementa a outra”, afirma.

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