quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Para pesquisador, Google Glass será extensão dos olhos

Estrategista sueco é um dos palestrantes do The Next Web Latin America, primeira edição brasileira de um dos maiores eventos de internet do mundo
O sueco Michell Zappa é um estrategista de tecnologias emergentes que vive entre Berlim, São Paulo, Londres, Estocolmo e Amsterdã. Ele é um dos principais profissionais da Envisioning Technology, consultoria especializada em descobrir tendências no setor de tecnologia. Em seu trabalho, Zappa é perito em avaliar o comportamento humano e montar infográficos baseados em opiniões - e não em dados. Uma das previsões de Zappa é que o Google Glass, óculos com câmera e web integrados, será em um futuro não muito distante um produto tão popular quanto o tablet é hoje. "Com o tempo, a tela será uma extensão de nossos olhos", diz. Zappa é um dos palestrantes do The Next Web Latin America, primeira edição brasileira de um dos maiores eventos de internet do mundo, que acontece entre 22 e 23 de agosto, em São Paulo.
Qual é o trabalho de um estrategista de tecnologias?
Estar atento às novidades e tentar prever como e quando elas se adequarão às necessidades da sociedade. No ano passado, por exemplo, consegui mostrar que tecnologias individuais, como os carros sem motorista, serão comuns entre 2018 e 2019, e que a primeira expedição à Marte deve ocorrer em 2034.
O que o senhor acha do Glass, os óculos do Google com câmera e web integrados?
Trata-se de um conceito de vanguarda e os engenheiros envolvidos no projeto, e que trabalham no Google X Lab, sabem que eles estão construindo ficção científica. Esse produto chegará a poucos usuários, no início, e também será muito caro. Mas analisando a natureza dessa tecnologia é inevitável que ela não ganhe popularidade. Há 10 anos, as telas de TV eram grandes, pesadas e de baixa-definição. Hoje elas são menores, em LCD, e cabem na palma da nossa mão. A tendência, portanto, é que elas cheguem ao limite dos nossos olhos – numa espécie de óculos, por exemplo. O Glass segue esse conceito.
O Facebook está próximo de alcançar a marca de 1 bilhão de usuários. Como o senhor vê as redes sociais nos próximos anos?
O futuro será tão social quanto o passado. A diferença estará nas ferramentas de comunicação e na nossa capacidade de interagir com facilidade. O Facebook não muda nosso comportamento, mas amplia nossas possibilidades sociais de comunicação, conhecidas desde a época de Gutenberg, há mais de 500 anos. Fundamentalmente, essa é uma coisa boa. Essa marca de 1 bilhão é representativa. Essa não é a primeira vez, contudo, que uma rede levanta um debate na sociedade. O The Well, uma das mais antigas comunidades virtuais, criada em 1985, fez o mesmo. As redes sociais são inevitáveis e estão se tornando uma base para outros aspectos da sociedade, como o comércio. A sua rede de contatos, os seus amigos, têm influência sobre você. Isso não significa que eles lêem a mesma coisa ou assistem aos mesmos filmes. É nessa hora que a tecnologia social é mais efetiva. Quando ela serve como pano de fundo para outro tipo de negócio. Eu acho que em dois ou três anos o comércio social fará parte do nosso dia a dia.
O Brasil está na moda e muitas empresas de tecnologia estão se instalando no país. O senhor acha que São Paulo pode se transformar em um novo Vale do Silício?
Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. Eu vou ao Brasil no final do ano para tocar os meus negócios porque acredito que o país está em um momento muito peculiar, já que receberá a Copa e a Olimpíada. Acho que essa é uma grande oportunidade para o país. O problema está na infraestrutura e na educação. Acredito que o Brasil possa ultrapassar criativamente outros mercados. Os brasileiros têm uma capacidade de se virar que não é encontrada em outras nações.
Um dos gráficos de Michell Zappa Os estudos de Zappa são apresentados na forma de gráficos. Uma de suas pesquisas, a Envisioning Emerging Technology for 2012 and Beyond, mostra através de 11 colunas quais tecnologias serão populares nos próximos 28 anos. Ele divide as previsões em grandes temas, como inteligência artificial, sensores, robótica, biotecnologia, entre outros e faz uma análise, ano a ano, do que acontecerá com cada um deles até 2040. Na coluna cinza, à direita, o gráfico exibe dados que reforçam as expectativas. Por exemplo: em 2020, um computador de 1.000 dólares terá a mesma capacidade do cérebro humano, segundo o Ray Kurzweil, autor do livro The Singularity is Near. A teoria justificaria, então, a ideia do estrategista sobre a popularidade da telepresença (confira suas conclusões abaixo). Zappa colhe dados para seus gráficos em pesquisas científicas, blogs de tecnologia e publicações de cultura digital. Depois cruza essas informações com estatísticas fornecidas por empresas, índices do mercado e artigos especializados.
Acesse o gráfico: http://envisioningtech.com/envisioning2012/

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